30 de abr. de 2009

VOLVER

Foi uma "viagem solo" esse retorno ao Distrito Federal; mas não significa que vim solitário: a bordo do carro, “eu, o velho Mac e Deus”, parafraseando a belíssima canção sertaneja “eu, a viola e Deus”. E assim acabo confessando que minha viola é meu computador, o Mac. E o Meu Deus é o mesmo dos violeiros e dos “Mac-eiros”.

Deixei São Paulo ouvindo Zizi Possi, no CD "Puro Prazer", que inclui “Volver a los Diecisiete”, de Violeta Parra, claro que sem pretensão de voltar aos 17, mas apenas voltar a Brasília, voltar a trabalhar no Banco Central.

Como diz a canção: “é como decifrar sinais, sem ser sábio competente”. E quase que por ironia, no mesmo CD ela canta também “Torna a Surriento”

(... / Para a terra do amor,

Tem coragem de não voltar?

Mas não me deixe,

não me dê este tormento

Volte a Sorrento!

Deixe-me viver!)

E isso tudo depois de começar o repertório com a Disparada de Vandré: “Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar...”.

Em quase onze horas numa estrada sobra tempo para uma “viagem ao centro do peito”, para meditações infinitas e, em boa parte do tempo, para se queixar das estradas ou do pedágio. Na verdade, a primeira etapa, numa viagem de São Paulo a Brasília, de carro, compreende toda a Bandeirantes (a rodovia) e a Anhanguera até a divisa com Minas Gerais, em Uberaba. Paga-se pedágios até cansar o braço e o bolso. São 7 ou 8 em pouco mais de 400 km. A gente reclama por pagar, mas só até o momento em que enfrenta o trecho de Uberlândia (MG) a Cristalina (GO), passando por Araguari e Catalão, entre outras (o trecho Uberaba-Uberlandia está totalmente duplicado, em boa condições e sem pedágio. Por enquanto!). Após Uberlândia, deixando o Triângulo e seguindo por Goiás, tem tanto buraco que a gente se disporia a pagar o dobro em pedágio desde que pudesse trafegar com um mínimo de segurança e conforto. É um trecho torturante para o carro e para os passageiros.


Mas, ainda assim, vale curtir essa oportunidade de "falar consigo mesmo" que uma "viagem solo"oferece; bater um papo com o espelho retrovisor sem tirar os olhos do que está à frente; repensar os medos e os desafios que os causam, aproveitando o momento para aplainar algumas arestas guardadas no fundo da alma e reconhecer alguns inevitáveis "ataques" que nos dispensarão. Vida que segue (e recomeça) com infinitos pedágios e muito mais buracos que as rodovias federais. Além desses "ataques" que podem vir, com as pedras geradas no fígado e no estômago de quem não gosta de "engolir" a gente...

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(Volver a los diecisiete / Después de vivir un siglo / Es como descifrar signos / Sin ser sabio competente / Volver a ser de repente / Tan frágil como un segundo / Volver a sentir profundo /Como un niño frente a Dios / Eso es lo que siento yo / En este instante fecundo /Se ve enredando, enredando / Como en el muro la hiedra/ Y va brotando, brotando / Como el musguito en la piedra...)


Um comentário:

Emilio - Entre dois mundos disse...

Ou vi a musica agora no youtube... que bom que chegou bem!